um abraço ao vento
ao vento
que me afaga
os cabelos e a pele
o vento que leva os pensamentos velhos
e trás os novos
vento, vento
eu não sei quanto custa o
vento como o Ruy Belo
só sei quanto ele me agrada
sem o saber definir
encontro-o
oiço-o
gosto do seu cantar
e de o sentir empurrar-me :)
ago 2011
na serra zumbem as sensações,
o cheiro, o vento e o respirar
cada vez mais fundo
que ao longe se consegue estender.
na tua noite, ó serra
a aragem é companhia
as sombras a nossa alegoria,
que a luz das estrelas nos desfaz no caminho.
dos pastores rezam os sorrisos
do leite morno pela manhã,
nos chocalhos contados à tardinha
das ovelhas de nosso senhor.
acaricia-me nesse ar onde
o zimbro tem o limite
a urze é a cor
e as pedras a memória do sentir.
como és insistente em nada me dizer
como eu sou persistente em te conhecer
como os teus olhares tentadores me devoram
como as pessoas me acolhem.
contrastes que me atormentam
passarinhos respirando cores
máquinas indiferentes a pombas
pessoas de poucos souvenires
outras de muita agonia
árvores que persistem em ser árvores de sonho verde e naufrágio cinzento.
à quem me dera meu mundo distante, difícil, impossível
que não conheço mas ambiciono.
viver para viver
viver para amar
viver para não só sonhar
a sempre 10/8/81
homens e mulheres
mulheres, homens
o amor será sempre
superior a eles,
enquanto nos preocuparmos
com definições e técnicas de linguagem verbal.
o amor é na sua plenitude
azul e branco
e eu
uma prisioneira do futuro!
eu....o voo dos passos é mais leve
e o mundo dá-nos inspiração
para sentir
ainda mais
do que gostamos
com o latejar da palavra
querida.
no covão da mulher rezam as histórias dos pastores de outrora,
em que as cabras pertenciam ao diabo
e as ovelhas a nosso Senhor.
dos bardos ficou-nos o cheiro,
das partidas de futebol as recordações
de homens contra mulheres;
as imensas fogueiras nocturnas com anedotas,
a lembrança dos uivos dos lobos
ou quando a "chorona" chegava com mais mantimentos.
o covão da mulher está encastelado em pedras cinzentas
com uma ribeira castanha que faz prevalecer o coachar das rãs.
os juncos ainda deitam flor
e os torrões de erva
fazem tropeçar os que têm pressa.
o silêncio é cortado pela aragem com cheiro a urze
e a baga do zimbro
os espinhos da solidão.
de noite as estrelas fazem de guia
a mais uma pequenez enfeitada
com brilho de mil nomes.
unhais da serra 7/2011
duas colinas
nos separam
na emoção
dum vale
que é de certeza
mais pequeno
do que
imaginamos
um abraço ao vento
ao vento
que me afaga
os cabelos e a pele
o vento que leva os pensamentos velhos
e trás os novos
vento, vento
eu não sei quanto custa o
vento como o Ruy Belo
só sei quanto ele me agrada
sem o saber definir
encontro-o
oiço-o
gosto do seu cantar
e de o sentir empurrar-me :)
perdi o jeito de
esperar do que pode ser
só imaginário,
é bom sentir
de novo,
tudo o que
pensámos ter passado!
ardem-me os
olhos
e alimentam-se as vontades
de voltar
a sentir sem limites
um corpo
uma alma
e o latejar do .....
7-3-06