carta de desamor
Estou farta do teu domínio. Invades-me a casa, o carro, a roupa e até o meu corpo.
Quando não tenho, e se vou para algum lado estou sempre a ver se alguém te usa ou se apareces na mão de uma pessoa a quem te possa pedir.
Se não te vejo reviro a cabeça em todos os sentidos a ver se encontro o teu cheiro.
São sempre longas e angustiantes as horas que passo sem ti e quando sei que daí é possível comprar-te, sinto um alívio enorme pela proximidade desse encontro. Começo então a respirar fundo e a pensar – seria possível continuar sem te ter? Como faria eu isso? Como ultrapassaria este momento se não tivesse dinheiro para te conseguir? – Sim, se não tivesse dinheiro, se ninguém me emprestasse, como te compraria eu? –
Ufa! momentos de quase desprezo pela força que não consigo.
Quando me vejo em fotos antigas e estou contigo, penso que parva que eu fui, que parva que eu sou e não sei quando vou deixar de o ser.
Já me contaram várias artimanhas para te deixar e que funcionaram com outras pessoas. Mas comigo ainda não. Umas fazem-me mal ao estômago e outras mais parecem monstros de ajuda de destruição celular.
Contrariando alguém - que diz que - as mulheres estão sempre a dizer que não lhe dão atenção nenhuma – eu digo-te: ligas-me demais!
Sonho com o dia em que vou poder dizer que não te tenho há quatro dias, há 1 mês ou mesmo há três anos.
As pessoas que não te usam às vezes cheiram bem, outras tresandam a naftalina, cânfora ou águas-de-colónia, que de tão moda serem, tem que se estar a falar com elas a um metro de distância. Mas sinto muita inveja quando falo com alguém cujo hálito só cheira a café acabado de tomar, mas principalmente apraz-me esse cheiro porque não tem o teu odor misturado.
O Mal, para não dizer outra coisa, é que adoro partilhar-te com as minhas amigas, quando saímos de um sítio em que tu eras proibido.
Vai-te embora, desaparece tu que já tiveste tantos nomes como português suave, kentucky, SG, marlboro, la paz, e Slims por influência da musa Sofia.